Produtores do estado estão elevando as despesas com o controle químico da praga, especialista dá dicas para combater o torrãozinho.
Uma praga de difícil controle está preocupando produtores de soja de Mato Grosso: o torrãozinho, um pequeno besouro que provoca perda de produtividade e aumenta as despesas com controle químico. Ao observar este pequeno inseto, não dá pra imaginar o prejuízo que ele é capaz de causar a uma lavoura de soja.
“Ele vem derrubando os trifólios da planta, derrubando as flores das plantas. É uma praga minúscula, mas faz um estrago muito grande na lavoura, ela literalmente acaba com a lavoura em pouco prazo, destruindo parte da área plantada, os cotilédones e ainda derrubando as flores também”, relata o presidente do sindicato rural de Canarana, Alex Wish.
A ação rápida e assertiva no controle e monitoramento estratégico evitaram maiores danos do inseto na plantação de soja da propriedade de Wish, que também é produtor.
“A gente foi obrigado a fazer uma aplicação específica para o inseto, e conseguimos combater com eficiência essa praga. A gente calcula que até um hectare foi afetado por ele, e se não fosse fazer logo essa aplicação, a área com perdas seria maior.”
Popularmente conhecido como “torrãozinho”, o inseto é um velho conhecido dos produtores de Mato Grosso. No entanto, é no município de Primavera do Leste que a praga tem preocupado mais nesta safra.
“É mais um ano muito sofrido, com muitas batalhas com o torrãozinho. Foram várias baterias de controle, aplicações, custos elevados, principalmente pela falta do produto. Um dos principais produtos que pega o torrãozinho hoje é o acefato, que hoje está escasso no mercado”, afirma o presidente do sindicato rural de Primavera do Leste, Marcos Bravin.
Na propriedade rural de Ari José Ferrari, metade dos 2.420 hectares de soja desta safra foi comprometida pelo inseto. O agricultor teve que gastar mais com defensivos para tentar controlar a praga. Mesmo assim, ele estima uma perda de 15% na produtividade da área atingida.
” Aplicamos de 8 a 12 vezes conforme o talhão, porque os produtos estão muito fracos não estão controlando a praga que já matou muita planta, perdeu estande, ficou ralo. Estamos fazendo de tudo para dar uma recuperada, mas mesmo assim está difícil”, conta José Ferrari.
“O ataque geralmente ocorre poucos dias após as emergências das plantas. A praga causa danos no caule, tombamento e morte de plantas. Se essa fase coincidir com fase de veranico esse dano pode se prolongar por mais tempo, e isso pode trazer problema de redução de estande, replantio, e, consequentemente, um impacto na produtividade”, alerta a entomologista da Fundação-MT Lúcia Vivan.
Controle do torrãozinho
A entomologista afirma que vários estudos estão sendo desenvolvidos pela equipe da fundação, com trabalho sobre biologia, manejo e o comportamento dos insetos. Enquanto isso, algumas recomendações técnicas podem ajudar no controle do torrãozinho.
“O controle deve ser feito nas horas mais frescas do dia. Além disso, o tratamento de semente é importante para a proteção inicial dessas plantas. No entanto, devido a alta pressão do inseto, são necessárias aplicações foliares com produto de contato, em intervalo de 7 a 10 dias em média. Para a proteção dessas plantas mais desenvolvidas, observou também que esse inseto está se alimentando de milho tiguera, por isso é importante que o produtor fique atento e maneje bem essas plantas evitando uma fonte de alimento para o inseto, o sistema soja/milho e soja/braquiária tem tido maior incidência desse inseto, do que áreas com soja/algodão, isso possivelmente com maior concentração de palhada”, destaca Lúcia.
Fonte: Canal Rural