Variedade geneticamente modificada intensificou produção do país. Entenda as principais diferenças e os benefícios de cada uma delas para o agricultor.

Estima-se que na safra 2021/2022, 95% da soja produzida no Brasil seja derivada de cultivares geneticamente alteradas em laboratório. O número é bem diferente do visto no início deste século, quando apenas 2% do grão semeado na temporada 2000/2001 era transgênico, de acordo com estudo da Céleres, empresa de análise do agronegócio.

Entre os benefícios desta variedade destacam-se a redução no uso de defensivos, economia de combustível, diminuição na mão de obra, aumento na produtividade e ganho na rentabilidade do produtor. Já na soja convencional, o grão não passa por alteração em laboratório e realiza melhorias somente a partir do cruzamento de cultivares que combinem produtividade e resistência.

Segundo o diretor da Céleres, Anderson Galvão, independente da variedade, a China continua sendo um mercado absolutamente consolidado à soja brasileira, sendo que praticamente 80% do país exporto do que o país exporta  vai para lá. “Outros mercados que o Brasil tem oportunidade de explorar são, seguramente, países da África que, apesar de na média ser o continente mais pobre do mundo, tem tido um crescimento econômico muito grande”, considera.

No entanto, para ele, da mesma forma que o Brasil precisa buscar novos mercados para a soja, precisa ficar alerta ao surgimento de novos concorrentes. “As mudanças climáticas têm permitido que o sul da Rússia, que até então não produzia soja, comece a ter produção. A mesma coisa o Canadá, onde era muito frio e agora o clima começa a ser favorável à cultura da oleaginosa”, diz.

Soja orgânica

O manejo da soja orgânica é diferenciado e requer cuidados específicos. O cultivo é feito sem uso de defensivos agrícolas, contando somente com controle biológico. Assim, o custo de produção pode ser menor e trazer valor agregado para o produto destinado ao consumo humano. Estima-se que a quantidade de soja orgânica produzida no Brasil seja de 30 mil toneladas.

Comparada ao sistema de soja transgênica, dependendo da cultivar e da região, o preço pago pela saca orgânica pode ficar de 30% a 50% maior. Segundo o presidente da Aprosoja-MG, Fábio Meirelles Filho, independente de qual seja a oleaginosa, as três abrem espaço para que o Brasil ofereça ao mercado internacional produtos diferenciados, com alto valor agregado.

De acordo com ele, a soja não-transgênica tem um mercado específico. “Os seus valores são mais altos e as suas negociações são, às vezes, mais fáceis, só que o produtor precisa estar muito atento ao custo de produção porque a não-transgênica requer uma série de cuidados, uma parte técnica bastante elaborada para que se tenha um produto de qualidade que atenda a esse mercado”, esclarece. “O mundo tem forte necessidade de abastecimento de proteína de qualidade e o Brasil pode ser o único país do mundo a oferecer essas variedades em larga escala por conta de seu clima tropical”, destaca.

Canal Rural